Adriana de Farias mostra a luta cabana pela perspectiva feminina na Mostra Sesc de Cinema

Adriana de Farias mostra a luta cabana pela perspectiva feminina na Mostra Sesc de Cinema

A história pouco fala sobre a participação feminina na luta cabana. E é na contramão desse apagamento que a diretora Adriana de Faria fez o curta “Cabana”, selecionado na 7ª edição da Mostra Sesc de Cinema – MSDC, que ocorre até 30/11, no Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso. A sua obra será exibida gratuitamente na sexta-feira (29), às 14h, na unidade. 

A ideia do projeto surgiu a partir da minha observação do acervo audiovisual paraense e dessa escassez de filmes e obras relacionadas à Cabanagem. A gente tem obras teatrais, na dança, em outras artes, mas no cinema a gente quase não tem obras relacionadas a isso. Então, eu sempre me perguntei, por que a gente não tem um filme contemporâneo sobre a cabanagem?”, contou Adriana que refletiu, ainda, sobre a dificuldade em se fazer um filme histórico. 

A partir do filme Noite Perpétua, de Pedro Peralta, veio a ideia de usar uma única locação. “E aí eu pensei que eu nunca tinha escutado falar sobre as mulheres cabanas. Então, encontrei, digamos, essa perspectiva, esse ponto de vista que eu ainda não havia encontrado, nem mesmo no meu período escolar. Eu decidi que faria uma história de duas mulheres, uma guerrilheira e uma dona de casa, produtora de farinha, durante esse período”, acrescentou. 

A história de “Cabana” acontece em uma atmosfera de silêncio e tensão, compartilhando com o expectador não só o medo, mas o desejo pela mudança. “O cinema tem esse poder e essa possibilidade de trazer à tona histórias que foram esquecidas e apagadas com o tempo. E, no caso das mulheres cabanas, realmente só daria para recorrer à ficção, porque nem mesmo os registros sobre elas nós temos. Então, eu quis com essa obra trazê-las ao imaginário das pessoas, fazer a gente discutir sobre isso, principalmente no Brasil que a gente vive hoje em dia. Eu sinto que as demandas e as reivindicações são as mesmas daquela época, pelo menos aqui no território nortista. Então, esse foi o meu objetivo com o filme”, detalhou a diretora. 

Com a Mostra Sesc de Cinema, a realizadora tem a oportunidade ver o seu trabalho circular em todas as regiões do país e compartilhar a narrativa amazônida com diversas pessoas que não teriam acesso à essa produção independente. 

A Mostra Sesc de Cinema, pra mim, é uma grande vitrine do cinema brasileiro, porque essa curadoria que é de estado a estado, região a região, ela faz com que essas obras circulem de uma maneira que quase nenhuma mostra no Brasil consegue. Então, esse alcance é muito importante, esse acesso ao público, às pessoas, que é pra quem a gente faz história, para quem a gente faz cinema. O 'Cabana teve o privilégio de circular bem nacionalmente, mas agora com a Mostra Sesc de Cinema ele ganha essa nova vida e é muito importante que as pessoas de todo o Brasil reconheçam a história brasileira, porque esse filme conta a história do Norte e o Norte faz parte do Brasil. As pessoas precisam olhar pra cima, olhar para o Norte, entender que a nossa história foi feita de luta e ela continua sendo feita assim, porque a Cabanagem acontece agora mesmo”, finalizou. 

 

A MOSTRA 

Lançada em 2017, a Mostra Sesc de Cinema se consolida como um dos principais canais de incentivo e fomento ao cinema independente do país. O projeto reúne produções que não conseguem encontrar espaço nos circuitos comerciais de cinema, dando visibilidade à produção cinematográfica brasileira e contribuindo para a promoção de novos talentos no setor de audiovisual. Ela ocorrerá de 28 a 30/11, no Sesc Ver-o-Peso. A programação completa está disponível no site sesc-pa.com.br 

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